07 dezembro 2013

Escritores da Liberdade (Sobre o filme)

Eu não sou uma pessoa emotiva. Talvez pelo muito que passei, aprendi a criar "cascas" protetoras, que escondem meus sentimentos, me ajudam a prosseguir sem tanta dor. Ou ao menos as pessoas não veem minha dor.
Apesar disso, sou uma pessoa que se compadece demais dos outros. Mesmo não tendo passado pelo que a pessoa está passando, eu tenho uma apatia especial, que às vezes me faz mal, mas sempre faz bem para a outra pessoa, porque as ajudo.
Quando se trata de filmes, porém, sou um tanto quando fechada. Talvez por saber que aquilo é uma ficção, eu quase nunca sinto qualquer sentimento. Com os livros é diferente, eles sempre me transmitem sentimentos, e eu choro, rio ou fico feliz e triste com os personagens. Acho que é porque os personagens de livros, são pra mim, tão reais quanto as pessoas a minha volta.
Mas este filme, em particular, me trouxe uma emoção, um sentimento, que eu nunca tinha sentido antes. Eu nunca fui tão próxima da violência, como os personagens, mas já perdi amigos e conhecidos por assassinato. Em todo o caso, cresci num bairro calmo (apesar que nos últimos tempos, a coisa vem chegando por aqui =/), e isso talvez tenha me livrado um pouco da proximidade com a violência. Tenho orgulho de dizer que nunca vi droga e não sei onde conseguir uma. E que não conheço ninguém que tenha uma gang (nem mesmo um bonde). 
O filme me levou a uma realidade completamente diferente. Onde heróis adolescentes passam todos os dias por violência, crime e os piores tipos de preconceito. Sabem onde conseguir drogas, e a maioria conhece alguém que tenha uma gang. Se imaginar que tudo isso foi real (e é real, com outras pessoas), trás uma dor tão forte, um sentimento tão forte de querer ajudar, de querer amparar, mostrar que existe um caminho diferente, que eles tem oportunidade de sair de tudo aquilo e ter uma boa vida.
A professora fez de tudo pra que eles entendessem isso, e conseguiu. De certa forma, eu me imaginei como ela, não como um dos alunos. Já dei aula em uma escola parecida (apesar de serem crianças até catorze anos), onde o tráfico, drogas e crimes era a realidade deles. Não é algo divertido, mas é gratificante. Ver crianças se apegando em você, desabafando com você, e nem sempre ter uma palavra de consolo. É triste, sim, mas é a realidade. Acho que foi lembrar dos meus alunos de lá que me fez me emocionar tanto vendo esse filme.
É um filme real, que entre brigas, gangs, violência e drogas, mostra-nos a sala de aula da professora de inglês, que tenta de tudo para ganhar o coração de seus alunos. Emociona, sim, e ensina. Ensina que nossa vida cheia de mordomias, com internet, segurança e alguns problemas bobos, não se compara de modo  algum com a realidade deles. Um medo constante de morrer cedo. Um medo constante de se tornar um criminoso.

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