26 outubro 2022

Meu parto normal

Esse é meu relato de meu parto normal.

Tirei um cochilo no fim da tarde, com o Gabriel e meu marido. Quando acordei às 18h, ele pediu para mamar, e eu estava há um mês sem puder amamentar porque tive um pequeno dedinho de dilatação. Como fechava 39 semanas naquele dia, a oxitona faria bem (pq o bebê viria kk).
Na hora senti uma cólica bem fraca, daquelas de início de gestação. Falei para meu marido "começou". Ele não levou muita fé em mim, talvez porque não senti dor. Mais cinco minutos depois, e a dor veio com força e eu soltei um gritinho.
Esperei que ele mamasse, avisei minha mãe para buscar ele enquanto ia me preparando para sair. As coisas já estavam prontas, mas estava bem calma, querendo esperar o máximo possível para não sofrer de novo. 
Tomei um banho relaxante, lavei a louça, me vesti calmamente, joguei um pouco no celular (tudo isso com dor a cada 5 minutos kk). Meu pai veio me buscar por volta das 20h, eu avisei que esperasse mais, pois ainda não estava 3/3. As 21h saímos.
Entrei sozinha e fui examinada, a bebê estava muito em cima, o que me deu muito medo de tudo se repetir e eu fiquei pedindo a Deus baixinho que tudo se resolvesse. 
Me baixaram quando a dilatação tava em 7cm, meu marido chegando logo em seguida comigo. 
Estava muito cheio naquele dia, as enfermeiras até diziam que era por conta do eclipse total que teria. Me colocaram em uma sala de parto meio improvisada, separada por cortinas e era cuidadosamente reparada por técnicas de enfermagem maravilhosas de vez em quando. A dor, obviamente era muita, meu marido e suas mão que o digam (mereceu, por ficar  falando que fui eu que escolhi PN 😏)
 Sem nenhum tipo de invasão ou interferência, sendo a única com minha permissão (o rompimento da bolsa, que foi com o dedo, não naquela forma horrível). Quando a hora de fazer força chegou, eu sorri meio boba, porque simplesmente SABIA fazer. Não era algo forçado como o médico tentou me obrigar da última vez, mas natural e fisiológico, como evacuar mesmo. Em pouco tempo, senti a cabeça coroar e seguimos eu e a enfermeira carioca até a sala de parto, onde tive a experiência incrível de sentir minha bebê sair naturalmente. Estava em êxtase, claro que pela ocitocina também, mas o fato de ter conseguido era incrível para mim. Eu olhei para ela em meu peito com ela nítida sensação de dever comprido e orgulho de mim mesma. Eu fiz aquilo. Eu pari.

23 setembro 2021

Relato de parto (eis a minha história): Desnecesarea?

Eu tinha um sonho muito grande com o parto antes de ter filhos, tinha todo um esquema na cabeça de como ia ser e o que era ou não necessário em determinada circunstâncias. Minha escolha de médico (assim como muita coisa mais tarde) foi seguindo os passos da minha mãe. Sabendo dos relatos dela, imaginei que ele ia priorizar o parto a cirugia.
Ledo engano, infelizmente. 
As dores começaram por volta das 5h, eu avisei meu marido, estávamos dormindo na casa da minha mãe, para caso o trabalho de parto começasse. Ele saiu para trabalhar, e as dores foram aumentando. Ligamos para o médico, que orientou que passasse no consultório. Eu, com a calma e força que sempre tive para dor, sorri ao ver ele, que riu, e disse que não estava com jeito de quem ia ganhar naquele dia. O exame mostrou 3cm de dilatação, e ele mandou ir ao hospital depois do almoço, e que eu não deveria comer.
A começar pelos procedimentos desnecessários, tudo me incomodou. Limpeza, sorinho, depilação, posição deitada por nove horas, o forceps me olhando na sala todo o tempo.
Eu pouco sabia sobre parto, além dos relatos maternos. Não fazia ideia que 99% do que aconteceu ali era procedimento desnecessário e até mesmo proibido. Fiquei com a minha (cega) confiança nos médicos.
De tempos em tempos, alguma enfermeira aparecia para fazer o toque. A dilatação tava bem no início, ainda não tava sequer perto de algo acontecer. Quando o médico chegou as 18h, rompeu a bolsa (também desnecessariamente), e a dilatação ainda estava em 6cm. Foi então que ele começou a me orientar para fazer força (que eu não fazia ideia de como), fora do tempo certo para isso... Eu não sabia disso, claro. Fiquei um pouco menos de duas horas tentando fazer força, até que não aguentei o cansaço e cochilava entre as contrações (que seguiam de 3 em 3, acredito eu). Ele disse que não dormisse, me xingou, começou a dizer que não tinha condições de ter um parto normal, que ia matar meu filho, fazer um terror psicológico em mim e meu marido, que só tinha 19 anos, e estava bem nervoso. Ele dizia que eu ia acabar pedindo a cesárea, que estava perdendo um churrasco por minha causa (em tom de brincadeira, mas ainda assim, isso me atingia).
Eu me sentia exausta. A dor não me incomodava, eu aguentaria até o final, se fosse preciso. Mas o cansaço e o sono tomavam conta, e eu comecei a ter pensamentos de que não conseguiria ter meu filho, de que ele podia morrer, e talvez fosse por bem fazer a cirugia. Meu marido veio conversar comigo e me fez ver que não dava mais para esperar (apesar de eu discordar disso hoje). Sem forças, disse que não aguentava mais, e aceitei a cesárea. Esperei ainda uns 40min até liberarem a sala, período em que fiquei torcendo para que passasse logo, para a anestesia chegar e aquela dor passar (lembrando que foram quase 18h de trabalho de parto). Colocaram a sonda para a cirugia e as 22:30h, eu estava na sala de cirugia tomando a peridural na coluna (que pra quem não sabe, dói bastante, mas estava com dor a tanto tempo que até a dor da anestesia foi um alívio). Senti minha barriga sendo aberta e as enfermeiras empurrando o bebê, que estava preso na área das costelas e por isso levou tanto tempo para descer. As 22:40h do dia 1 de setembro de 2015, ouvi o choro estridente de um bebê que era meu. Meu pensamento foi "caramba, eu tenho um filho". A ficha caiu naquele momento, percebi que nunca tinha pensado com seriedade no fato que um bebê estaria sob minha responsabilidade agora. Meu segundo pensamento foi que era a mesma cara que meu marido (rsrs). Gabriel nasceu com 4.100kg e 51cm. 
Quis muito conversar com alguém sobre minha frustração no pós parto, mas ninguém me deu abertura, todos queriam que eu ficasse feliz com o bebê e só. Ninguém queria ouvir o drama de uma mãe recém nascida que teve todos os seus sonhos quebrados. Tive depressão pós parto por longos 19 meses, em que meu filho recebeu todos os cuidados (com muita ajuda), mas não toda atenção e paciência que precisava quando bebê. Felizmente tudo passou, e só então, tive a consciência que eu só saíria bem daquilo se falasse no assunto. Quando percebesse que foi assim e não dava para mudar.
A minha segunda gravidez, apesar de planejada, veio com choro e medo. Eu sentia medo de outro parto frustrado, e medo de o trauma me impedir de conseguir. Tive depressão gestacional pelo mesmo motivo. O parto da minha filha me libertou do trauma, ao invés disso. Percebi no parto dela, que tudo aquilo foi desnecessário, sim, que eu era muito capaz de parir, e que ainda não estava no período expulsivo do parto. E o melhor de tudo, eu percebi que o parto normal naquele dia, teria me frustrado muito mais, porque teria sido totalmente diferente do que eu queria, além de que teria terminado com uma episotomia (tinha mais medo disso que da cesárea kk).
Hoje sou liberta do trauma desse dia, e muito feliz com o filho que aquela cirugia me deu. Jamais culpei ele pelo que aconteceu (apesar de por um bom tempo ter culpado meu marido rsrs), mas o médico nunca vou deixar de culpar (já ouvi muito médico dizer que ele tava pensando em mim e no bebê, eu duvido).

Vai sair os outros dois relatos de parto, sim, mas provavelmente vai demorar bastante kk

12 junho 2021

A escola de ontem e a escola de ontem (opinião)

Há quem diga a celebre desculpa do "sempre funcionou desse jeito, desde que o mundo é mundo". 
Mas não vivemos no mesmo mundo desde que ele começou.
As crianças hoje em dia, nascem em uma síndrome do pensamento acelerado (SPA), mesmo que não sejam criadas com as tecnologias. E logo que tem acesso a tecnologia, se tornam tão cheias de informação que a escola de torna desinteressante, e o próprio fato de estar 4 horas parado, um martírio diário.
Mas o que deveria mudar nessa escola de hoje? Mais tecnologia? Lúdico? Inovação? Mudanças na estrutura da sala de aula? Inclusão?
Tudo isso é importante, sim. Cada uma delas. Mas acho que toda a ideia de escola deveria ser refeita do zero. Sério. Criar uma escola nova, com uma estrutura completamente adaptada a tecnologia e ao pensamento acelerado, ao lúdico das crianças, ao mundo de hoje como um todo. Claro que isso é uma ilusão e até mesmo um sonho impossível. Mas quanto mais a realidade chegar perto desse patamar, melhor para os que estudam hoje.
E quem é o responsável pelo maior impecilho disso acontecer? A família! Essa que continua firme para que as mudanças não aconteçam dentro de casa (a comunicação não violenta/a pedagogia positiva), também não querem mudanças na escola, porque "crianças precisam de limites" ou porque "professor precisa ser autoridade". Eu concordo com as duas frases. Mas não acho que uma coisa precisa acabar para outra começar. Basta querer, que tudo dá para fazer.