Nos últimos meses, entrei de cabeça nesse "mundo da deficiência", sem bote salva-vidas. Só então percebi que o preconceito estava entalado em mim, mesmo tendo convivido com a deficiência desde o início da vida. A diversidade dentro da deficiência é muito mais que rampas, LIBRAS e braile. E isso não é algo que você aprenda lendo, estudando ou fazendo cursos no assunto. É uma gama gigante de conhecimento dentro de uma deficiência só. Cada uma tem seus desafios, particularidades e formas de inclusão.
E é sobre isso que quero falar.
Qualquer instituição que se diga inclusiva, seja escola, igreja ou estabelecimento comercial, que não abrange TODAS as deficiências, não é inclusiva de fato. Sim, você por ter um intérprete de LIBRAS durante o culto, e isso é bem legal. te faz incluir o surdo (e se isso que sua igreja precisa, ÓTIMO!). Mas a inclusão vai muito além disso. Incluir um down numa escola por exemplo, vai da determinação do professor de adaptar as atividades (de todos, não só as dele), para a questão que ele precisa. E isso vale para paralisia cerebral, autismo (qualquer grau), e seja lá o que for que apareça no seu grupo de alunos/jovens/membros.
Cada questão é uma questão. E é difícil, sim. É realmente difícil. Ser inclusivo vai além de integrar alguém no meio (a pessoa precisa se adaptar ao grupo), é o oposto disso. É as vezes ter que esquecer aquela roda de conversa, porque o aluno autista não quer participar (e descobrir uma atividade que ele se sinta confortável). É esquecer aquela dinâmica de grupo de cada um dizer características do outro (que não é legal nem para pessoas sem deficiência). É levar o lúdico da educação infantil para os anos iniciais e até o fundamental e médio, para incluir aquele aluno hiperativo "que não presta atenção". É pedir para um aluno ler em voz alta não para humilhar ele, mas para que o colega que tem dificuldade de leitura possa se interessar pelo mundo das letras, enfim… tudo isso é inclusão…
Aproveitando que estou falando sobre isso, quero me remeter aquela redação do Enem que falava de inclusão do surdo, e todo mundo achou injusto, porque "nem todo mundo sabe LIBRAS. Pois então, o fundamental da redação, é você escrever o que sabe (enrolar, mesmo, sem dó), mesmo que seja pouco. "Ah mas a única coisa é que eu sei é que surdo não fala". Ótimo começo APESAR de ele falar, sim (LIBRAS é uma língua). Mas nada impede de começar dessa forma.
A pessoa surda não fala, porque não escuta, logo, usa a língua de sinais para se comunicar.
Percebe? O problema é que vi pessoas dizendo que não sabiam "nada" a esse respeito. E é isso que me deixou meio atrapalhada. Não saber nada sobre um assunto, é praticamente impossível. E esse assunto, por mais leigo que você seja, é um assunto falado em tudo que é lugar, e quase todo mundo tem um parente/amigo/colega/vizinho surdo. Então alguma coisa tem que conhecer. Se mesmo assim, voce ainda não saber nada, então você merecia realmente ir mal na prova. Porque sua falta de interesse em um assunto mostra que você não tá nem aí para querer incluir alguém, e já começa por aí
Voltando ao assunto inclusão, sim, ainda falta muitas rampas e calçada adaptada, semáforo com sinalização e intérprete de LIBRAS. Falta muito. Mas essas coisas estão acontecendo, devagar mas estão. A questão do autismo, down e outras síndromes, ainda é muito complicada, porque a inclusão é quase individual, e o que não é, como fila preferencial por exemplo, é ainda vista com preconceito ("autista não precisa de fila preferencial")... Vou deixar algumas ideias para inclusão, principalmente em igrejas:
- Ambiente com som abafado para autistas
- Elevadores e rampas
- Bíblias em braile disponível
- Revistas e periódicos em braile/áudio
- Salas de escolas bíblicas para crianças autistas, hiperativas e outras síndromes que não conseguem parar na hora do culto/reunião/missa
- Atividades e grupos adaptados a mentalidade infantil do adulto com deficiência intelectual (dependendo do assunto numa classe de adolescentes, por exemplo, fica ruim falar com o adolescente com deficiência intelectual, pois não entende certos assuntos);
- Explicar com detalhes as metáforas bíblicas para a criança/adulto autista, que tem dificuldade em entender metáforas
- Adaptar o ambiente da sala de aula para a criança com deficiência, conforme sua deficiência
- Adaptar a rotina conforme a deficiência
- Adaptar as atividades conforme a deficiência
- Enfim, não há limites para incluir uma pessoa com deficiência no meio coletivo, querendo a gente pode ser muito mais inclusivo!
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