06 julho 2019

Desconstrução evangélica (questão de gênero e cultura afro-brasileira)

P.s: Não falo aqui sobre desconstrução da família (até porque sou dona de casa, e isso não tem problema nenhum), falo de desconstrução de pensamentos CULTURAIS, não de coisas bíblicas.

Hoje foi dia de apresentação na faculdade e houve um tema bem polêmico (fora ou dentro da igreja): a questão de gênero. E não falo da ideologia de gênero, apenas o gênero, mesmo. Estudo pedagogia, e para nós, é normal uma criança brincar (com o que quiser), aprendemos a dar liberdade as crianças, sem colocar limite a essa liberdade.
Acontece que entrou em debate a seguinte máxima: "Dentro da religião, é bem pior". Claro, que nesse caso, há um pouco de preconceito, mas não de todo. É bem verdade, em alguns casos.
Mas aí é que entra minha dúvida: é a religião, ou os religiosos? Eu li a bíblia algumas vezes. Já foi meu hiperfoco. Eu nunca li absolutamente nada a respeito de brinquedos lá. Ou mesmo qualquer coisa em relação a criação de filhos (a não ser obediência e rebeldia, no genérico). Nunca vi isso ser pregado em igreja nenhuma (e olha que já frequente bem mais de uma), e nem mesmo vi em algum periódico ou folheto evangélico.
O problema nunca foi "a religião". O problema são os religiosos. Como diriam em linguagem evangélica, os "fariseus". São eles que não conseguem separar a "ideologia de gênero" e a "questão de gênero", que não entendem que crianças brincando apenas reproduzem o que adultos fazem e não há qualquer 'instinto' biológico nisso. Eles que não percebem que criança não entende as complicações que os adultos inventam (como dividir tarefas por gênero, brinquedos por gênero ou mesmo a sexualidade), são questões que só vão entender quando tiverem maldade o suficiente para isso.
E a desconstrução evangélica não deveria sequer pensar em parar por aí. Porque eu, que já vi em escolas pais confundirem capoeira com religião (onde o professor de capoeira era EVANGÉLICO!!), e Olodum com Halloween (Olodum é um bloco de carnaval que toca tambor 🙆), percebo que a grande maioria, além de não saber que estudar cultura afro-brasileira em todo o ensino básico (e isso inclui educação infantil, ok?) é lei no Brasil, ainda detém a ideia que a cultura afro é "batuque" ou "satânico"... Percebe-se isso até mesmo quanto a própria religião (a religião é a única que sofre esse tipo de preconceito, não é estranho?).
Mas se a bíblia ou a religião não ensina essas coisas, então por que ainda pensam assim? A resposta é bem simples: a cultura ensinou isso! No Brasil, a grande maioria percebeu que a cultura dos mais velhos estava completamente equivocada sobre algumas coisas. Já os e evangélicos, por algum motivo que eu ainda não consegui explicar, não conseguiram separar a própria crença (na bíblia), da cultura que aprenderam com os avós (ou pais). E isso tem causado não só problemas sérios dentro da igreja, como também, no governo brasileiro (lembra da fala do rosa e azul?), já que a cor, nada tem a ver com a sexualidade ou gênero dos mais pequenos.

Pense nisso, se desconstrua. Você pode até achar que falei um monte de besteira, mas eu já orei sobre isso, e Deus mudou minha cabeça… e você, já orou sobre isso? Ou simplesmente cria seus filhos com diferentes brinquedos "porque acredita na bíblia (que não fala isso, lembrando)? Vamos tentar desconstruir, que não custa nada, e Deus pode te ajudar nisso...

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