01 novembro 2017

O que realmente mudou com #100DiasParaMudar

Acho que deu pra perceber que minha tentativa de escrever um por dia furou. Vou escr então, o que realmente senti que mudou desde que isso começou a 40 dias (passou rápido :o).
Bom, a intenção de #100DiasParaMudar era realmente mudar minha rotina e hábitos, pensamentos negativos e acabar de vez com a depressão. Bem, a verdade é que desde que melhorei do transtorno alimentar (2014) até pouco antes de começar a trabalhar esse ano, já tinha mudado muita coisa em mim. Tinha passado a me amar, gostar do que sou, ser feliz com pequenas coisas e por aí vai... Mas a depressão que ia indo embora me deu uma visitada na depressão gestacional e ficou de vez na depressão pós parto. E foi aí que a coisa toda de querer mudar começou.
Quando casei, estava grávida de quatro meses. Nada demais, ok. Mas aí resolvi dar uma de perfeccionista que sou e fazer tudo como a bela, recatada e do lar deve fazer. Minha casa era um brinco no início. Totalmente. Eu não parava para nada durante o dia, só limpava e limpava. Cozinhava e cuidava do marido como uma verdadeira lady de contos de fadas. É, isso me deixou sem tempo para me cuidar, mas isso eu já tava bem acostumada. A depressão para mim sempre foi algo tão comum, que coisas comuns pros outros, como me pentear ou escovar os dentes (e não é falta de higiene, é depressão), e até tomar banho, não eram comuns para mim. Então tentei focar em ser a esposa perfeita, mas não deu certo. A solidão gerou mais depressão, e a tentativa de acabar com ela gerou ir para minha mãe e abandonar a casa, o que também não foi muito certo. Eita!
Para piorar, meu parto foi o total oposto do que sonhei. Eu queria um parto normal sem gritos e escândalos, onde o bebê saísse e fosse colocado no meu colo, onde eu iria sorrir e chorar por o bebê tão esperado. Bem não foi normal, nem colocaram ele no meu colo, e eu não sorri nem chorei. Na verdade, só o que fiz foi pensar "Cara, ele é a cara do pai dele.". É só. Não senti nada, nem um sentimento por aquele pedacinho de mim. Hoje não sinto culpa alguma por isso, mas na hora isso me deixou em choque. Eu não amava meu filho! Com o tempo aprendi que o amor de mãe nem sempre vem na barriga, as vezes ele vem gradativamente como uma borboleta, e quando você percebe, é a melhor coisa que já aconteceu com você. Mas antes de saber disso, foi difícil...
Os primeiros 60 dias com um bebê é escandalosamente difícil, só quem teve um bebê sabe. Não há um manual de instruções para cuidar de um bebê e eles são bem difíceis de lidar, vem como uma explosão de mudanças que não temos tempo suficiente de processar antes que acabe (ou já seja tarde demais). Por isso DPP é algo tão comum. O romantismo em cima da maternidade é o maior culpado da coisa toda. Imaginamos o paraíso e na verdade é bem o oposto disso. Só que vale a pena.
Então foi muito difícil pra mim no início. É pra ajudar um pouco, eu tinha medo de ficar sozinha com o bebê na casa onde morava, então acabei indo todos os dias para minha mãe, onde enquanto o bebê dormia, eu usava o celular como fuga.
Até aí tudo bem. O problema foi que ele cresceu, os 60 dias passaram, e minha DPP não se foi. Continuei cuidando dele (quando necessário) e terceirizando os cuidados maiores para minha mãe ou minha sogra, e frustrada por achar que meu marido não fazia o suficiente (na verdade ele só não fazia as coisas por mim, como eu queria). O celular continuou sendo minha fuga, e os meses foram passando, sem que eu percebesse. Nunca aprendi a fazer uma papinha decente, confesso, porque minha mãe e sogra faziam isso por mim. Enquanto ele crescia, e precisava de mais atenção, eu terceirizei isso também. E não falo isso me justificando, não, falo isso com muita tristeza por saber que perdi momentos preciosos com meu filho quando ele ainda era um bebê. E isso não volta mais.
Tinham momentos que passamos juntos, sim. Eu reservava minutos para ler com ele (disso nunca abri mão), orar com ele (ou por ele) e raras vezes tentei brincar com ele em casa ou na pracinha (beeeeem raras aliás). Lembro dessas coisas com carinho, mas sinto que foram tão pouco tempo para nós... Eu as vezes nem sinto que tive tempo com um bebê...
Por fim, ele fez um ano, as coisas saíram do controle, porque ele era grande e eu comecei a perceber ele tentando chamar minha atenção (quando puxava minha cabeça para olhar para ele quando falava comigo e eu estava no celular) e isso me alertou de alguma forma. Eu me sentia culpada e fria e vi que estava perdendo meu filho, e repetindo os erros que sempre critiquei. E então que voltei a falar com Deus.
As conversas diárias me fizeram melhorar aos poucos, e eu percebi que precisava de algo radical para mudar, porque apenas querer não tava funcionando. Eu decidi trabalhar.
O emprego veio rápido. A mudança mais ainda. Ficava feliz em acordar cedo, ver pessoas, amava meu emprego como nunca e pela primeira vez me senti TRABALHANDO e não sendo um zumbi. Conversar e manter contato foi tão bom pra mim que hoje sei que passei dos limites e falei demais (mas estava apenas tentando mudar). E principalmente, o pouco tempo que ficava com meu filho agora, eram muito melhores que o muito que passei com ele antes disso. Era tempo com qualidade. Tempo de verdade.
Perdi o emprego porque não é tão fácil assim mudar, por mais que você se esforce. Mudar requer cometer erros, e erros consequências. A minha consequência foi ser mandada embora.
Não me arrependo apesar disso. Não poderia ter feito outra coisa além do que fiz. E também não coloquei o emprego na frente do meu filho ou minha saúde e isso nunca vou me arrepender. Enfim, foi bom enquanto durou.
Mas com o fim do emprego, tive medo de parar em casa e tudo voltar ao que era antes, ainda mais que agora, ia ser totalmente sozinha, sem o bebê. Por isso, meu primeiro instinto foi procurar algo imediatamente. Não rolou.
Então comecei a faculdade e resolvi focar nela. Funciona por um tempo, até que você acostuma com a rotina e se perde de novo.
É bem, foi aí que descobri #100DiasParaMudar
Decidi fazer isso com a intenção de fazer uma rotina, me cuidar, e mudar os hábitos do filho. Mudar como esposa também (tinha me tornado horrível como esposa desde que o bebê nasceu, porque por um tempo, não soube separar família de casal). E bem, é complicado explicar.
Para mim, coisas simples como lavar o rosto ao acordar, escovar os dentes e arrumar o cabelo se tornaram um ritual da felicidade. Porque é muito bom saber que faço isso com naturalidade, que sinto VONTADE de fazer isso, quando antes para mim isso era uma tortura (depressão causa falta de vontade de viver). É muito bom sentar com meu filho para brincar e sentir prazer nisso. É ótimo sentar com as pessoas que você gosta e conversar sem duas telas na frente dos rostos, com atenção verdadeira. E é maravilhoso estar AMANDO cozinhar (mesmo que só pra mim!) todos os dias, sem medo ou raiva (porque traumas do passado não merecem estragar meu futuro, não é mesmo?).
Enfim, #100DiasParaMudar não foi frustrante como achei que seria.
Foi algo completamente novo.

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