13 setembro 2020

A turma heterogênea


Por muito tempo ouvi, dos meus próprios professores, a crítica às turmas heterogêneas como algo que dificultava sobremaneira o trabalho do professor, em especial quando a turma era grande. Também já ouvi absurdos como "crianças assim não deveriam estudar junto com as outras crianças". Ouvia isso de professores formadores de outros professores. Graças a Deus que nunca repeti esse tipo de comportamento.
Estou no fim do curso de pedagogia, e hoje entendo que turma heterogênea não se trata apenas da turma inclusiva (ou com alunos com necessidades especiais). Trata-se de qualquer turma, desde o início dos tempos. 
Ninguém aprende da mesma forma, é avaliado da mesma forma, pensa da mesma forma, tem a mesma cultura ou mesmas crenças. Os professores sempre lidaram com as diferenças em sala de aula, desde os mais pequenos bebês aos mais velhos da EJA. Mas qual é então, o desafio de trabalhar com turmas assim?
Veja, por não lidarmos com turmas homogêneas, a ideia de tratamento igual para todos é antiquada e usa a meritocracia como desculpa para não lidar com os diferentes ritmos de aprendizagem. Escuto que é preciso esforço do aluno, que é preciso estudar mais, que todos tem que aprender a fazer trabalhos ou provas, porque um dia terão que prestar vestibular ou TCC. Mas não consigo enxergar a meritocracia como algo benéfico em sala de aula.
Eu nunca fiz trabalhos. Sério. Um lá que outro copiei direto da internet. E talvez lendo esse post agora você imagina que eu saberia escrever um. Mas a minha dificuldade era muito mais que isso. Já minha melhor amiga, tinha extrema dificuldade com provas. Suava frio e não lembrava de nada do conteúdo (que sabia) ao fazê-las. 
Então, se o objetivo da escola é a aprendizagem, por que motivo um aluno que sabe precisa provar isso através de uma prova? Ou de um trabalho se ele não gosta de ser avaliado dessa forma?
No Desenho Universal de Aprendizagem, a ideia é cada aluno escolher a forma que quer aprender e ser avaliado. Parece utopia, mas é algo que ainda sonho fazer um dia. Quem sabe?
Há ainda os ritmos de aprendizagem. Alguns professores, infelizmente, se preocupam apenas com as notas do aluno e sua aprovação. Muitos que sabem o conteúdo acabam reprovados ou os que não sabem acabam aprovados sem nunca aprender aquilo outra vez (já passei pelas duas situações). Se o objetivo é aprender, porque isso acontece? Infelizmente, porque tratam turmas como homogêneas.
Pensar o aluno como indivíduo faz com que entendamos suas necessidades de tempo diferente de aprendizagem, forma diferente de aprender e ser avaliado. E não só isso, mas também a forma como ser tratado, seus sentimentos, suas reações frente as adversidades da escola, seus problemas, sua vida familiar, seu trajeto a escola... Enfim.
Não pretendo aqui dissertar para um artigo ou mesmo um trabalho, apenas comentar um pouco sobre algo que alguns não gostam de pensar. 
Porque pensar causa mudanças, e mudanças não são bem vindas, infelizmente.
Mas não acham que em plena época da tecnologia desenfreada não está na hora de mudar de fato e não só no papel?

Fonte pesquisada:
Beck, C. (2017). Turma heterogênea: como trabalhar? Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/turma-heterogenea/

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